Palavras de Amor

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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

SEREIAS DA ILHA DO MEL

E-Livro
Conto de se apaixonar com muito mistério
SEREIAS DA ILHA DO MEL

Paradisíaca rodeada por mares e praias lindíssimas, dona de um dos mais belos cartões postais do Brasil. E porque não dizer também como uma das maiores belezas do litoral do Paraná. Assim é a Ilha do Mel. Apesar desta beleza toda entre rios, matas, pedras e rochedos, praias, pomares, pássaros e tudo que se possa imaginar num paraíso rodeado por mares, esta ilha já escondeu muitos mistérios no passado.  É o que dizem os nativos, baseado nas histórias e contos dos antigos moradores nas proximidades da Praia das Conchas. Comentam  que antigamente se ouviam cantos ao entardecer, ao amanhecer, e algumas vezes até nas madrugadas, em meio às rochas próximas ao farol. Eram cantos às vezes sombrios, ou outras vezes atraentes vindos dos rochedos e cavernas ainda existentes na região sul da mesma ilha.
Muitos se viam atraídos por estes cânticos, mas os ruídos, misturados com os ventos, deixavam aquelas vozes sombrias e o lugar assustador, apesar de toda sua beleza.
Os pescadores e tripulações de pequenas embarcações se deslumbravam com aqueles magníficos corais de vozes semelhantes  a orquestra ritmada pelos ventos, o barulho das ondas e as folhas das arvores. As embarcações passavam ao lado dos morros, tendo como ponto de referência o famoso farol, indo pela orla que leva à baia de Paranaguá berço do Estado do Paraná.
Diz a lenda que assim os pescadores e donos de barcos cruzavam este pequeno braço de mar passando pela ilha. E por mais que soubessem que ao lado sul tinha as águas mais agitadas, alguns se sentiam tentados a atracar naquele lado. Uns o faziam  pela beleza do lugar, outros pelo sossego, mas a maioria, por assim dizer, pelo cântico de vozes femininas.
Muitos não chegavam nem na praia. As ondas levavam as embarcações para junto das pedras, tendo seus barcos destruídos e afundados. A a morte como principal consequência.
Mas aos que tiveram o privilégio de descer na areia, testemunhavam coisas fora do comum. Quando não havia tempestade e nem ventos, em determinadas épocas, as águas eram tranquilas e calmas. Mas não deixava de apresentar riscos, já que a correnteza era forte. Talvez aí, que uma única distração poderia ser fatal.
Os navegantes solitários eram as maiores vítimas, já que, sem ajuda, se viam em apuros toda vez que precisavam de socorro.
O farol era só um meio de orientá-los e, dependendo do tempo, com neblina e a noite, a dificuldade de locomoção era grande, tornando a navegação arriscada. Por isso ao avistar esta parte da ilha, muitos se viam obrigados de alguma forma a desembarcar sempre que quisesse esperar a tempestade passar ou por que tinha dificuldade para navegar, isso por causa da falta de visibilidade no mar em virtude de tanta nebulosidade.
 O que era preocupante, pois naquela época era quando muitos navegantes deparavam com aquelas embarcações sozinhas e sem tripulantes. Ninguém avistava nenhum marinheiro, e elas só eram avistadas novamente dias depois, atracadas ou muitas vezes à deriva em alto mar. Alguns diziam ver corpos boiando, os quais mais tarde a correnteza levava para longe. Poucas vezes se ouvia falar em que os donos destas embarcações voltavam de seu descanso em meio às rochas para seu barco.
Aí ficavam as indagações. O que então acontecera a eles quando atracavam nestes lugares da ilha?
Tudo era um mistério, já que ninguém testemunhara ou soubera algo sobre algum ataque de bichos naquela região. A conclusão mais óbvia era que realmente todos foram vítimas de afogamentos, apesar dos nativos não pensarem desta maneira.
Os tais causos contados por estes habitantes da ínsula, eram motivo para chacotas para com os outros marinheiros incrédulos, mas ficava sempre uma pergunta sobre este mistério. Se eles morreram por que só alguns disseram ter visto seus corpos?  Alguns nativos, contrariando as histórias que já eram costumeiras, contam que na verdade, devido as  fortes tempestades, este marinheiros e pescadores atracavam naquele lado da ilha em busca de abrigo durante as tempestades. Ali encontravam refúgio nas grutas, e nas fendas entre as pedras para descansar e assim se protegerem das chuvas. Mas muitas vezes a maré enchia e invadia estas fendas, afogando assim os navegantes.
Estas eram as melhores respostas e de fácil conclusão para os fatos ocorridos, uma vez que as famílias e amigos destes marinheiros e pescadores não queriam aceitar, em hipótese alguma, tais histórias que contavam que os marinheiros e pescadores deparavam com mulheres nuas cantando e encantando atraindo homens para o fundo das cavernas de alguma forma, e assim depois desapareciam.
Narrando da forma mais comentada e já existente nos contos comuns, neste lado sul da Ilha do Mel, existe uma gruta chamada Gruta das Encantadas. Na época quando aconteciam tais episódios, segundo a lenda, os pescadores se deslumbravam com jovens mulheres que dançavam sensualmente nuas ou com apenas aquelas vestes de folhagens como nas danças havaianas. Dançavam elas nas aberturas das grutas, festejando o nascer do sol.
Estas belas mulheres encantadoras faziam das suas belezas um atrativo, tornando aquilo para qualquer homem um feitiço mortal. Sempre que suas vozes doces e afinadas entoavam uma canção, alguns pescadores solitários se distraiam e então largavam de seus remos e se deparavam com um morro local onde se encontrava o farol. Ali viam  suas embarcações destroçadas e espedaçadas com fortes pancadas da água, ao serem impulsionadas pelas ondas até as rochas. Por fim, aquilo dava cabo de suas vidas, hipnotizados que estavam pela canção.
Alguns nativos também comentavam que aqueles que ainda desciam de seus barcos na areia deparavam com alguma destas mulheres. Deslumbravam-se tanto que quando elas entravam na água, convenciam estes marinheiros a nadar com elas. Por algum motivo eram tomados pelo cansaço e não conseguiam voltar para o raso e afogavam-se.
Ao final de tarde, quando o sol ia embora, as ninfas cantantes, conhecidas também e apelidadas como sereias, desapareciam e tornavam reaparecer pela manhã. Ainda há quem diga que durante a noite elas entravam no mar. Neste momento via-se que parte de seu corpo tinha escamas, e da cintura para baixo as pernas já não existiam. No lugar delas se formava uma longa calda de um peixe com uma enorme nadadeira. Punham-se a cantar novamente ao escurecer.
A noite caía e o que parecia apenas um atrativo, a calmaria o silêncio também assustava os nativos.
Eles se perguntavam que mistério existia por de traz de tudo aquilo?
Hoje a Ilha do Mel é um local de visitação e um centro turístico conhecido em todo o mundo principalmente pelas praias, recifes, rochas, matas e um lindo por do sol.
Ali as areias brancas e macias trechos de águas mansas nas prainhas onde as ondas do Atlântico, em revoluções constantes, vêm se acalmar segundo alguns contos.
O cenário é um atrativo fantástico. Dizem os pescadores que vivem próximos a praia das conchas nos dias de hoje, que antigamente as mulheres que moravam nestas grutas, eram belas e encantadoras.
E além dos navegantes, muitos cortavam caminho pelas matas para chegar até o local. O mito alimentava a curiosidade dos homens, pois as belas histórias enchiam o peito de alguns que buscavam diversão, outros apenas para apreciar as histórias, aumentando o desejo de ver as belas mulheres nuas que moravam lá.
Mas apesar da curiosidade, o caminho até as rochas era muito sombrio e perigoso, assim contam os mais antigos que ainda vivem na ínsula. Muitos nativos com o intuito de proteger aquele espaço localizado na tão charmosa ilha, tentavam impedir que curiosos chegassem até aquele lugar. Isso para que não espantassem as tais sereias, que na época já atraiam pessoas pela curiosidade. O certo é que de alguma forma tudo aquilo gerava lucros para a região. Outros, entretanto, diziam apenas que queriam protegê-los dos possíveis perigos que aquele lugar trazia.
Segundo os relatos, já se dizia que muitos que foram ali jamais voltaram, e os que tiveram a sorte de retornar, fugiram da ilha com medo que algo os perseguisse.
Assim conta a lenda, apesar de muitos insistirem que boa parte de tudo que era contado, era real. Supersticiosos evitavam passar a metros do caminho, enquanto os mais curiosos se sentiam tentados a ir até as grutas.
A fantasia de alguns pescadores e visitantes recém-chegados àquela ínsula, eram inúmeras, já que a maioria, por fim, eram solteiros e ficavam a imaginar o que podia tais mulheres fazer com eles!
Com esta imaginação e a pouca informação, causava euforia e excitação à maioria dos homens. Mas em meio tantos fatos e boatos assustadores, uma delas ficou marcante.
Ouviu-se dizer também que um destes curiosos insistiu em ir até a tal gruta, cortando caminho pela floresta. Este era um jovem rapaz do tipo valente, movido mais pela curiosidade. Conseguiu ele despistar todos e se embrenhar por aquela parte mais deserta da ilha. Tentava ele se aproximar da tão famosa gruta, satisfazendo assim sua imensa curiosidade. Juravam as pessoas, dando continuidade a possível história, que este jovem rapaz tinha encontrado uma destas tais mulheres misteriosas narrada nas lendas.
Andava ele pelo caminho, de facão na cinta e um pequeno punhal nas mãos. Mas antes mesmo de chegar às rochas a tal mulher ou ninfa sereia, encontrou-o primeiro. Ela  era uma bela jovem de pele morena, cabelos longos e negros como a noite, quase como a maioria das nativas da ilha, só que uma exuberância a mais, ou de menos: encontrava-se quase seminua. Apesar daquele olhar misterioso, aquela pele inteira bronzeada e sem marcas de qualquer coisa, tinha um brilho majestoso, misturado a um sorriso de derreter qualquer coração masculino.
Assim sendo, com o jovem rapaz não foi diferente. Vestida apenas com pequenos pedaços de véu, cobrindo apenas as partes íntimas. Deixava assim de fora as partes esculturais de seu corpo desenhado pela natureza. A beleza daquela bela moça era estonteante, tanto que deixou aquele belo rapaz enaltecido.
O valente, e já amansado pelo olhar da moça, mesmo também tendo seu lado atrativo, curvou-se diante da graciosidade dela. Era costumeiro que cada homem que cruzasse à frente delas se via seduzido e era levado por elas até seu reduto. Ali tinham suas vidas usurpadas e consumidas pelos seus feitiços. Mas com aquele rapaz  tudo foi diferente das façanhas narradas pela lenda e contada pelos nativos.
O que se via ali também era uma jovem apaixonada e, ao contrário do que contava a lenda, era ela que sedia aos encantos do belo rapaz.
Talvez por isto que ele tenha sido um dos únicos a voltar ileso, ou quase. Algumas vezes quando viam aquele valoroso jovem voltando do caminho, parecia que ele estava quase vencido por algum tipo de batalha.
Ou outras vezes vinha ele com um sorriso bobo e olhar fixo ao horizonte, dando entender que além de cansado, estava também muito apaixonado.
Voltando àquele dia, o valente e astuto rapaz, mesmo admirado com a beleza da jovem moça, ainda tentava prosseguir, embora ela tentasse cercá-lo de um lado ao outro, como se quisesse impedi-lo de chegar até as rochas. Talvez fizesse aquilo para que ele não fosse seduzido por outra, além dela. Ou então com a intenção de tomá-lo para si naquele momento. Este, movido pela serenidade e a beleza da jovem, não conseguiu ir adiante e, num outro canto da praia, em meio algumas pedras, tomou a bela jovem em seus braços e ali se consumava o que  parecia óbvio acontecer.
Tudo teria acontecido como com um casal normal, se não fosse o fato de ela não ser uma mulher como todas as outras. Tudo estava tão maravilhoso que as horas passaram voando.
Era quase final de tarde quando ela nua se levantou, se despediu do rapaz num dialeto desconhecido e, com poucas palavras, virou-se rapidamente sumindo entre os arvoredos.
Ele levantou-se rapidamente, tentou segui-la, mas ela, com a mesma agilidade com que também tinha se levantado, não lhe deu tempo para alcançá-la.
Mesmo que tentasse, já estava quase escuro e se não voltasse logo, seria presa fácil para qualquer coisa que adentrasse a mata, mesmo que fosse uma cobra ou um inseto venenoso.
Então, rapidamente retornou para a parte povoada da ilha. A nobreza e a coragem daquele jovem rapaz até inspirou outros a tentarem se aventurar. Mas os resultados eram os mesmos: uns voltaram assustados sem nem mesmo chegar aonde pretendiam, outros, como já foi dito, simplesmente jamais voltaram.
Quanto ao jovem apaixonado, ele repetiu o feito das outras vezes, tentava ir adiante. Mas quando não encontrava sua amada, se sentia cansado e desistia de prosseguir. Talvez porque estava acostumado com os encontros pelo caminho. Assim, quando pensava em prosseguir, já estava quase por escurecer. 
Os dias passavam e mesmo quando ela não aparecia, ele se punha no mesmo lugar de sempre à espera daquela deusa morena que encantava os olhos de qualquer marinheiro.
Em uma bela tarde, estava ela sentada, escovando o cabelo sob o sol e a brisa do vento, como costumeiramente fazem a sereias de outros contos. Estava seminua com sua pele dourada, sorriso no rosto o qual enaltecia a mente ensandecida pela paixão daquele rapaz. Muitas vezes, mesmo antes de se aproximar e tocá-la, ele a admirava meio que de longe. Era como se tivesse apreciando uma pintura numa exposição.
O passar dos dias eram lentos até. Mas era no melhor daquele momento a dois, que a noite separava o valente apaixonado, da doce sereia. Ela partia deixando seu doce amado em estado de aflição. Sempre de alguma forma, antes que a noite caísse, ela fugia. Entretanto, num daqueles finais de tarde, o rapaz, em polvorosa, com as constantes fugas da sua amada, resolveu dar um basta em tudo aquilo.
Perturbado com a possível ausência, temendo a demora dela em voltar outras vezes, ele usou de sua força numa daquelas tardes. Antes que ela levantasse, segurou-a firme pelos braços. Ela se debateu para escapar, até tentou se livrar, mas começou ficar enfraquecida. Por causa disso, sua pele úmida foi ficando mais seca. Ela tentava respirar, mas com todo esforço que fez, não conseguia seu intento. O rapaz olhou para ela que parecia fraca e quase morta. Com isso, ficou então preocupado.
Julgando pelas histórias que contavam, acreditou que  ela fosse mesmo uma sereia como diziam. Resolveu então soltá-la, mas ela já não conseguia se levantar. Neste momento não sabia o que fazer. Contudo, não podia deixar que sua amada ali morresse. Pensou rápido, pegou-a em seu colo e a levou até a praia.
Primeiro a deitou na areia, molhando seu rosto com o resto das ondas na beira da praia. Como não conseguia despertá-la, tendo em vista que a mesma se encontrava desmaiada, pegou-a novamente no colo. Foi então com ela até onde ele pudesse ficar de pé, mergulhou-a um pouco e em alguns instantes ela despertou. Neste instantes a seria olhou para ele e saiu nadando como fazem os golfinhos, por fim desparecendo após um mergulho.
Depois daquele dia, ela não voltou tão cedo ao local dos encontros. O jovem rapaz, por sua vez se aproximava das rochas tentando chegar até a gruta, mas o lugar onde ele estava era alto e teria que descer, colocando sua vida em risco.
Temendo se aproximar mais e acabar por fim sendo engolido por uma onda, ficava apenas  a empreita, na esperança de avistar, mesmo que de longe, a sua amada sereia.
Mas o que fazer, se ele precisava rever sua amada?
Ele tentou por diversas vezes, de todas as maneiras, mas foi em vão, até que acabou por desistir. Porém certa manhã, como de costume, ele estava sentado em cima da rocha, ouvia misturado ao barulho do mar e o vento uma canção ao longe. Ele sorria e, soube logo que era ela que tinha voltado. Então, virava de um lado a outro até que ao longe, do outro lado do morro, a avistou. Tinha dificuldade para vê-la por causa do brilho intenso do sol.
Mas dava para avistá-la acenando para ele. Os dois se entreolhavam até que, mortos de ansiedade, correm para os braços de um e outro.
A partir de então, por muitas vezes os dois tinham seus encontros desta maneira, já que ele sabia o segredo da tal moça.
Apesar de todos os perigos e suspenses com relação à lenda o jovem rapaz sentia-se sempre seguro ao lado dela e, mesmo com a dificuldade de diálogo entre os dois, percebia-se que o amor deles era recíproco.
Mas certo dia, já no outono, era comum, que os acontecimentos costumeiros na gruta cessassem durante as épocas frias. Para surpresa do rapaz, no início daquela estação, houve o sumiço das mulheres das pedras e com elas a tal  jovem sereia despareceu também.
O rapaz apaixonado desesperou-se pois sabia que num daqueles momentos, antes do outono, aconteceria o último encontro. Por isso, os dois ficaram o máximo de tempo juntos sob as rochas até que ela se despedir e sumir novamente.
Por meses o jovem rapaz procurou por ela, até se arriscou sobre a costa perigosa da ilha, na esperança de vê-la novamente. Os amigos tentavam impedi-lo, mas ele estava obcecado e inconformado com a partida de sua amada, pondo-se a gritar por toda a praia chamando por seu nome.
E foi assim por mais de seis meses. Neste período, parte da ínsula ficava desabitada, mas os poucos moradores diziam que o lugar assim ficava até mais tranquilo.
Mesmo com o lugar quase deserto, em meio à chuva, o frio e os ventos constantes que açoitavam a ilha, o jovem pescador, não arredava o pé de lá. Era alimentado pelos nativos. Ele passava seus dias e, por longas horas, perambulava por entre a mata, ou ficava sentado na mesma rocha onde buscava recordar-se dos encontros com a sua doce sereia.
O outono partia, vinha o inverno trazendo mais desconforto para a mente e o corpo do jovem marinheiro. Aquilo o deixava mais angustiado e sem qualquer motivação para continuar a sua vida de outrora antes de se apaixonar.
Os meses foram passando, e os nativos solidários comentavam sempre que se propunham ajudar o rapaz. Diziam eles que já tinham visto casos de deslumbramentos, pelas tais sereias, ou pelos cantos melodiosos delas, mas nunca um que se apaixona tanto por uma delas, muito menos um destes navegantes tivera um caso antes.
Nos dias de hoje, conta-se que outros casos como o do rapaz já houvera acontecido, mas nenhum tão emocionante como o dele. Todos se contentavam apenas com um breve romance ou flerte. Mas aquele moço foi diferente, ele foi valente e, apesar de  sua coragem, caiu nas garras do amor.
Entretanto, bravamente acreditou que  um dia ela voltaria. Assim esperou por meses, quase com a certeza de que um dia ela estaria em seus braços novamente. Nem nos tempos mais agitados, cansado e às vezes doente, perdeu suas esperanças.
Todos na ilha sabiam que o caso daquele rapaz era raro. Os perigos nas épocas em que as sereias que ali habitavam eram eminentes e isso trazia consequências terríveis.
Os meses passaram e em meados de primavera, o mancebo valente passeava entre os arvoredos, quando ouviu um breve canto. Imediatamente reconheceu aquela voz doce e suave vindo das rochas como antigamente. Ele correu como um antílope. Seu peito parecia explodir de ansiedade. Eis então que lá no alto, com uma flor no cabelo, com a pele brilhando como de costume, sob o sol a sua bela e linda amada sereia estava de volta.
Naquele momento todas as suas angústias sumiram, a saudade cessara, um belo sorriso e uma troca de olhar entre os dois obrigaram-nos a se abraçarem.
Todos na ilha sabiam do romance daquele rapaz com a ninfa das encantadas, mas poucos testemunharam a presença dos dois. Sabiam apenas que ele sempre se embrenhava pelos arvoredos e a esperava na rocha. Mas estava estampada no rosto e na expressão do rapaz que aquilo não era ilusão. Tanto que quando ouvia o canto da tal moça, e o rapaz correndo ao encontro dela no mesmo local todo feliz, podiam ter certeza ou não da existência dela.
Mas que mesmo numa fantasia da cabeça dele, ela tinha voltado. Para quem diz ter testemunhado a presença dos dois, aquela foi a última vez que foram vistos. Ninguém sabe dizer o porquê exatamente do motivo que levou uma daquelas moças a se apaixonar por um pescador ou marinheiro.
Que um homem viesse a se apaixonar intensamente por uma delas, sim, isso era totalmente plausível. Contudo aqueles que testemunharam ou as viram, afirmavam que elas eram lindas e encantadoras, a ponto de deixar qualquer homem louco.
Ficou apenas a curiosidade, de que pudesse ter acontecido com o Valente Rapaz e A Linda Sereia?
Uns dizem que ela o largou novamente e ele foi embora, mas ninguém o viu retornar de lá. Outros afirmam que um dos nativos chegou a ver o rapaz apaixonado que entrou com sua amada no mar e sumiu dali.
Conta-se também que ela engravidou-se de uma menina e deixou de ser uma sereia.
Não importa o que aconteceu. O que se sabe é que os dois foram embora juntos e, de alguma forma, podem ter vivido felizes até morrerem. Falam por aí que descendentes dela ainda moram nesta ilha, e também, segundo a lenda ou folclore, conta-se que as mulheres descendentes das tais sereias das encantadas, mergulham a noite e contemplam o nascer do sol com rituais não muito comuns.
Isto pode ser apenas lenda, mas uma verdade ainda existe: os mistérios continuam por detrás daquelas pedras.
Hoje a ilha é apenas um ponto turístico, mas o mistério sempre vai ficar no ar.
Se a história foi verdadeira, o que aconteceu com as mulheres das grutas?
E o que levou tantos homens a desaparecessem entre as fendas das rochas?
Há quem diga que com o tempo, o medo que tinha os homens daquelas tais mulheres foi transformado em desejo de se casar. Por este motivo, invadiram, em grupos, tomando estas mulheres como esposas. Outros dizem que pela calmaria que ficou hoje o lugar, elas mergulharam e desapareceram, indo embora para outras ilhas.
Esta é só mais uma das histórias, lendas e mistérios da ilha. Se quiser saber mais, visite-a, porque além do encanto deste lugar magnífico, pode haver muito mais mistérios, os quais você possa descobrir visitando a Ilha do Mel.
Só tome cuidado! Se por acaso for até as grutas, não vá sozinho!

Por; Altair Feltz